Senor Abravanel, de nome artístico Silvio Santos, filiou-se ao PFL (hoje DEM) em 3 de março de 1988, partido que iria se candidatar prefeito de São Paulo, ou não? Na verdade Silvio não confirmara ainda por qual partido iria lançar sua candidatura, apesar da filiação com o PFL.
O mistério continuava, e Silvio enviou uma carta ao seu partido com o seguinte questionário:
1- O prefeito pode animar programas de auditório aos domingos?
2- O prefeito pode ter dois dias de folga por semana, às sextas e aos domingos?
3- O prefeito pode colocar um vice de qualquer partido?
4- O prefeito pode ir a Miami quando desejar e deixar o governo nas mão do vice?
5- O que o prefeito pode fazer sem pedir autorização à Câmara Municipal?
6- O prefeito pode ficar isolado politicamente e não apoiar nem tomar conhecimento dos vereadores, governador, presidente e deputados?
7- O prefeito pode colocar nas secretarias os profissionais que ele quiser, independente de partido político, incluindo o PFL?
8- O prefeito pode colocar nas mercadorias o valor do imposto dissociado do preço, como se faz nos Estado Unidos?
9- O que é o PFL? Quais são as suas idéias? Poderei, eventualmente, fazer o que o PFL não quer?
10- O prefeito pode falar sobre o que faz, durante todos os dias, na TV do prefeito? Ou o Ministério das Comunicações não deixa?
Finalmente, a última pergunta: "O partido vai me pedir dinheiro? Porque se me pedir, eu saio nesta segunda-feira mesmo".
No seu programa, Silvio passava todo o tempo brincando com a idéia de se candidatar a prefeito, aumentando o mistério.
Boatos questionando a nacionalidade de Senor Abravanel, rolaram pela imprensa como sendo o impedimento de sua candidatura.
Mas foi um golpe na saúde de Silvio Santos que o fez desistir de vez de se candidatar.
Fernando Collor de Melo, aquele mesmo que sua mãe e tias e talvez até você votou nele, era o mais prejudicado com a possível vitória de Silvio Santos, já que Collor ficava em segundo lugar nas pesquisas, e perderia em um segundo turno disputado com Senor Abravanel. Inconformado com a idéia, mandou sua matilha de advogados sedentos para encontrar irregularidades, vasculharem a vida de Silvio em busca de algo para impedir sua candiditura. A busca fora em vão. Silvio Santos tinha um passado excepcional.
Os advogados de Fernando Collor, então resolveram investigar o partido PMB, de Silvio, e para o prazer do Caçador de Marajás (apelido de Collor), descobriram que o alvará de funcionamento do partido estava vencido desde o ano anterior. Uma denúncia foi feita ao Tribunal Superior Eleitoral. O TSE entendeu que sem alvará não existia partido, sem partido não existiam candidatos sem candidatos não existia Silvio Santos Presidente da República, sem Silvio Santos Presidente da República resultou em Collor Presidente da República. O resto dessa equação você já sabe.
Silvio para governador
Dessa vez Silvio se filiou ao PST, em 2 de abril de 1990 para lançar-se candidato ao Governo do Estado de São Paulo. Antes de tomar essa decisão, Silvio sofreu muito assédio por parte de líderes partidários. Eles queriam parceria com o homem que novamente vencia nas pasquisas de intenção de votos.
O paraibano José Jacenildo dos Santos, que reclamava muito dos políticos que tentavam fazer a cabeça de Silvio no seu salão de corte de cabelo. Quem é José Jacenildo? O Jassa cabeleireiro! O homem que literalmente fazia a cabeça de Silvio.
Para a surpresa de todos Silvio desistiu da candidatura. O motivo de outra vez Silvio não chegar às urnas? De novo Collor.
Como Silvio não recebeu apoio direto do Presidente Collor, o Peru que fala (apelido de Silvio no tempo da rádio), resolveu renunciar a candidatura. No seu lugar, o PST lançou a candidatura de Luiz Antônio Fleury Filho, que venceu a eleição para governador.
Silvio novamente para prefeito
Em 1992 Silvio foi atraído, mais uma vez, para a política. Filiado com o PFL lançou sua candidatura ao cargo de autoridade máxima executiva na cidade de São Paulo. Dessa vez o primeiro lugar nas pesquisas era dividido entre o Homem do Baú e Paulo Maluf, do PSD.
O PFL estava numa guerra interna. Alguns delegados do partido não apoiavam Silvio, e sim Arnaldo Faria de Sá. A confusão foi levada ao TSE. o partido perguntava: Silvio ou Arnaldo? O TSE respondia: Nenhum dos dois!!!
O Tribunal Superior Eleitoral , em decisão inédita, proibiu o segundo maior partido nacional de lançar candidatos ao paço e a Câmara Municipal da maior cidade do Brasil.
O caminho para Maluf estava pavimentado. Elegeu-se prefeito.
Enquanto isso no centro político do País, em Brasília, explodiam acusações contra o governo de Collor, o que o levou a um impeachment.
Assim terminou, pelo menos até agora, a saga política de Silvio Santos. Para alívio de familiares, amigos e "colegas de trabalho", que sempre foram contrários a qualquer candidatura a cargo público por parte do apresentador-empresário.
Antes de elaborar este artigo li o livro:
